Monday 10 April 2017

Deitado, borracho ao sol.




Borracho de pança ao sol,
Remoo recordações de ressaca, nessa praça quadrada.
Nessa vila sem tempo, sem ruas...
Num não-lugar, sem direcção...


O corpo cansado de mil passos descansa
O cabelo grisalho e o corpo gasto.


Os pés calosos, avançam lento, lento picado, passo seguro e rigoroso.
Cada dez passos um gole do TEU preparado místico da garrafa de plástico
Aquece mais, mais calor.... melhor.


Segurança no teu passo picado
Na tua roupa rasgada pelo uso e do tempo.
Na tua barba ou higiene, talvez pela loucura esquecida.


Pelos teus passos seguros de sonhos.
De ser livre em liberdade.
Talvez saudade ou excessos, hoje te fazem pensar.


Dormindo no teu sonho borracho
Profundo
De marés
De alegrias
Esperança, e velho passado pesado
Talvez to façam repensar

E já não queres despertar, nem voltar a tua realidade,
Para seguir extinguindo-te da memória de alguém
Que te convidou um saludo no caminho, em cada praça da vila Liberdade.


Meio dia, calor, pança pa riba, borrachin


Sob o sol eterno, hoje meu, dormirei uma sesta de sonhos


Desinteressado amor a tudo, menos à terra e ao caminho.
Ninguém te aguarda, ninguém te espera
Assim o quiseste tu.
Te tornaste uma estrela sem luz, rastro nem companhia


Deixarás o presente horrível, sem mais que bugigangas e um corpo imundo de porcaria.
Destroçado teu corpo de cicatrizes do tempo que te expulsou e terminou.


Só te ficou o sol borrachin bebadin
Esse comboio já não te leva.
E do teu corpo gasto a tua alma se eleva, levanta, desperta.
Directo ao céu, purgado.
Pois tirar por fome não é pecado.


Já não é um sonho risonho dos álcoois  mornos de poção


Imóvel como um poste ou busto em pose, teus olhos fechados
Nariz e bochechas vermelhas, tua barba crespa, loira, envolta em vinho.


Teu coração apagado
Teu existir terminado
Caducado teu tempo, em elevado silencio.
Sem nome, NN chamado
Sem portador de família, amigos, documentos nem irmãos.


Assim, se vai a tua existência..


E hoje só, minha vaga recordação em nostalgias recorda.
Ao sem abrigo de mil vilas, na praça
Ao sol, brilhante a sua pança.
Despreocupado e borracho do que amanhã aconteça.


A simplicidade de viver hoje e amanhã vejo


Deixou-me

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